Ato reuniu artistas, ambientalistas,
pesquisadores e frequentadores do parque zoobotânico. Milhares de pessoas se reuniram em
torno do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, neste
domingo (17), para o ato de abraço à instituição, que atravessa crise
financeira e, segundo a direção do espaço, ameaça fechar parte de seus prédios no Pará.
A mais antiga
instituição de pesquisa da Amazônia, com 150 anos de funcionamento, sofreu
corte de 44% no orçamento para este ano. Em nota, o Governo Federal informou
que irá garantir recursos para o funcionamento do Museu.
Risco de fechar
Apesar da
afirmação do governo, o fato é que o orçamento da instituição aprovado para
2017, de R$ 12 milhões, teve corte de 44%, mantendo aproximadamente R$ 7,2
milhões. O diretor do Museu, Nilson Gabas Jr, reiterou que, caso não seja
revertido o atual quadro orçamentário, a instituição será obrigada, a partir do
próximo mês, a fechar duas de suas bases físicas: o Parque Zoobotânico,
instalado há 122 anos, e a Estação Científica Ferreira Penna, que funciona há 24
anos na floresta de Caxiuanã.
Entre os
reflexos da falta de investimentos para a manutenção dos serviços básicos da
instituição, Gabas citou o arrombamento de prédios do Parque Zoobotânico, o
mais antigo do gênero no Brasil, que recebe em média 400 mil visitantes por ano
e guarda coleções vivas, monumentos e edificações.
“Com R$ 12
milhões eu mantenho a limpeza do banheiro que é aberto durante a semana. Só um
banheiro funciona porque não tem quem limpe os outros. Mantenho o funcionamento
do Parque às terças, que antes só fechava às segundas e agora também fecha às
terças por falta de verba. Com esse dinheiro, voltamos aos patamares adequados
de conduções mínimas de segurança e limpeza”, diz.
A importância
do Parque Zoobotânico para a cidade foi destacada pela cantora paraense fafá de
Belém. “Todos nós fomos criados aqui, é o jardim da nossa casa. Todo o domingo
as crianças vinham, todas as classes, as crianças vêm aqui conhecer a arara,
entender quem nós somos, de onde viemos, é o nosso álbum de fotografias. É
fundamental que a sociedade paraense abrace esse museu. Temos que nos defender,
estar espertos e atentos”, disse.
Sem fomento à ciência: O estímulo à
pesquisa também está ameaçado por falta de verba. “Preciso de pelo menos o
dobro, R$ 24 milhões, para fazer a contento pesquisa séria nessa instituição”,
afirma o diretor do Museu Goeldi. “Os pesquisadores sabem que têm que conseguir
recursos através de editais, parceria, rede, recurso internacional”, lamentou.
O ator Vitor
Fasano veio ao Pará participar do ato em defesa do Museu Goeldi. “Temos que
pesquisar, incentivar pesquisa, sem pesquisa o país não vai pra frente. Como um
presidente assina um decreto sem saber o que existe lá, que população, que
indígenas, que águas, que animais, que flora?”, criticou Fasano. “Temos que ter
embasamento para utilizar da Amazônia de forma sustentável. Temos de defender
esse manancial de floresta e de conhecimento que por acaso está no Brasil mas
que pertence ao mundo todo. Por isso o Museu Goeldi é fundamental”, concluiu.
A programação
contou com a participação de diversos artistas que realizaram shows, de
instituições voltadas para a proteção do meio ambiente, e organizações da
sociedade civil.

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