Um balanço realizado pelo Banco de Olhos do Hospital Ophir Loyola atesta
que em 2019 foi registrado o maior número doações de córneas em 31 anos de
funcionamento do Serviço no Pará. Esse resultado reflete as ações executadas
nas clínicas do hospital e a parceria com o Instituto Médico-Legal (IML), do
Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. De 158 doações realizadas em 2019
até o momento, 56 foram captadas no HOL e 61 no IML.
O trabalho desenvolvido nas duas instituições é responsável por cerca de
80% das doações de córnea no Estado. Os números foram divulgados nesta
quarta-feira (11) durante homenagem aos profissionais envolvidos na captação de
córnea.
Na programação, o depoimento de Laíse Queiroz, 31 anos, foi carregado de
emoção. Ainda menina, Laíse foi diagnosticada com ceratocone, uma doença que
afeta o formato e a estrutura da córnea, que se projeta para fora em formato de
um cone e distorce a percepção de imagens. À época, a doença ainda era pouco
conhecida e não havia muitas informações a respeito.
A deterioração da visão ocorreu de forma rápida, e aos 18 anos ela entrou
na lista de espera por um transplante. Laíse precisava da córnea com urgência.
Todos os planos para o futuro foram cancelados.
No momento do diagnóstico, Laíse nem imaginava como a doença afetaria sua
vida. Sentia muita dificuldade em ir sozinha à escola, e depois à faculdade.
Precisava sempre de alguém como apoio. Uma família decidiu pelo ato solidário
da doação, e ela fez o primeiro transplante, sem sofrer rejeição. Laíse
conseguiu levar adiante a vida acadêmica e realizou dois sonhos: tornou-se
advogada e mãe.
Normas - A fila é única, por ordem de inscrição,
independentemente de o paciente ter plano de saúde, atendimento particular ou
pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Porém, a legislação brasileira, por meio da
Portaria nº 2.600, de 21/10/2009, Artigo 107, do Ministério da Saúde,
prioriza alguns casos, como pessoas com perfuração do globo ocular,
iminência de perfuração da córnea, úlcera de córnea sem resposta ao tratamento
clínico, receptores com idade inferior a 7 anos com opacidade de córnea
bilateral e rejeição até 90 dias após o transplante.
Mesmo com o recorde de doações, ainda é necessário que o número cresça de
forma substancial. A taxa de recusa familiar para doador cadáver ultrapassa 60%
no Pará.
“Esse resultado é fruto de um trabalho intenso dentro do hospital e da
parceria com o IML. Conseguimos avançar, mas ainda precisamos aumentar o número
de doações de córneas. Temos 956 pessoas na fila de espera. Toda a sociedade e
profissionais de saúde precisam estar envolvidos com a causa”, enfatizou a
coordenadora do Banco de Olhos, Natércia Pinto Jeha.
O Banco de Olhos atua na captação, preservação e destinação de córneas em
consonância com a Central Estadual de Transplantes para atendimentos da rede
particular, SUS e convênios.
A diretoria atual concedeu transporte próprio, aumentou os recursos
humanos, adquiriu materiais de consumo e reformou o Serviço.
Qualquer pessoa, na faixa etária entre 2 e 70 anos, pode doar as córneas.
Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e de
Hepatites B e C.
Importância da família - Somente a família pode autorizar a doação
de órgãos e tecidos, como a família de Rita de Cássia, moradora do
município de Barcarena, que o doou as córneas de Lucas Ernesto Santos,
piloto comercial, vítima de acidente aéreo em fevereiro. “As córneas têm um
prazo máximo de aproveitamento de 14 dias. A autorização da retirada dos
tecidos cabe aos familiares, até seis horas após o óbito. Na ausência dos
parentes de primeiro grau, os de segundo grau podem autorizar a doação. Até
duas pessoas são beneficiadas com uma doação, e podem voltar a enxergar”,
informou Natércia Jeha.
No Instituto Médico-Legal há uma sala que funciona com extensão do Banco
de Olhos do HOL. As equipes do Ophir Loyola atuam das 8 às 13 h, e das 13 às 19
h. Quando um corpo é liberado, a equipe do Hospital é acionada para fazer a
avaliação e, em seguida, conversa com a família, que caso aprove a doação,
assina um termo de consentimento.
Quando confirmada a doação, é realizada a captação e o armazenamento
do tecido ocular. O material recolhido passa por um processo rigoroso de
controle. Após ser processada em ambiente estéril e submetida a todos os exames
no laboratório do Banco de Olhos, e alcançando os resultados adequados, o
Serviço entra em contato com a Central de Estadual de Transplante, que verifica
os pacientes na fila de espera.
Para fazer a doação é só entrar em contato pelos fones (91)
3265-6759 e (91)
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